_Como chuvas no verão
_Foram caindo espaçadas no tempo
_E leves como as gotas
_Chegaram ideias ao pensamento
_Mas uma palavra e uma acção
_Nunca bastaram à pessoa
_Que sempre quer a solução
_Mas p'ra quem esta ainda não é boa
_Foi, por isso, necessário
_Persistir e tentar mais
_Mostar hipóteses na escola
_Pôr filhos a educar pais,
_Aprender com quem já sabe
_Velhas formas de fazer,
_E experimentar loucuras novas
_Mostrar feito a quem quer ver
_Uma mais duas pessoas
_Com mais três - só curiosas!
_Fizeram-se por toda a parte
_Comunidades corajosas
_Porque lá, cada nariz
_Conhece o aroma da combustão
_E a língua saboreia o fármaco
_Que se lhes pôs dentro do pão
_Porque lá, cada par d'olhos
_Viu o sol a ser tapado
_Pelo hotel novo mais alto
_Que o sobreiro já cortado
_E porque lá, cada ouvido
_Deu por si sem mais ouvir
_Já não há entre o ruído
_"Diressonhos" p'ra seguir
_Cada qual se viu no outro
_Que, por sua vez, se viu de volta
_E encontrou em cada boca
_A sua história dita e solta:
____sobre o ar que ficou espesso;
____sobre o mar plastificado;
_E sem saber o que fazer
_Não soube mais ficar parado
_Encheu de ver enriquecer
_Sempre... sempre a mesma mão
_À custa de quem ainda come
_Mas ainda assim não mata a fome
_Com comida que nem sustenta
_E só mentém de pé o corpo
_De que o capital se alimenta
_Encontraram quem se opunha
_P'los mais variados motivos
_Aprenderam que quando se luta
_Se faz, por vezes, inimigos
_Imaginaram uma vez -
_Dado o céu estar enublado
_(coberto pelo ar poluído)
_Que podiam tornar-se solo
_Se o solo trouxessem vestido
_Imaginaram uma vez -
_Dado o rio contaminado
_Levar as raízes à fonte
_Tornar-se a si solo regado
_Construíram armadura
_Que é corpo e é alimento
_Contaram mais uma loucura
_Com o dito experimento:
_É que sentem só agora
_Desde que das plantas são os pés
_Que são HOMO e são FLORA
_(E são mais do que os que vês)